segunda-feira, 5 de outubro de 2015

SÓ NOS FALTAVA SEDUZIR OS PÁSSAROS




A remoinhar
no mais íntimo da pele
tínhamos quase tudo 
tão perto das mãos
que nem lhe podíamos tocar

amanhãs 
e outros destinos

Só nos faltava
subir às pedras deste chão

impedir nas mansas águas
que o sonho rebentasse
onde as estrelas vicejam
sem quebrantos

Tínhamos quase tudo 

até um pomar de faúlhas
para alumiar o fulgor do canto 

Só nos faltava
seduzir os pássaros


EUFRÁZIO FILIPE
"Presos a um sopro de vento"

 

18 comentários:


  1. Seduzir os pássaros é na verdade uma tentação...

    Bj.

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  2. Agora não falta mais nada, pois os pássaros já foram seduzidos.
    A sua poesia é linda e não me canso de vir aqui e ler.Obrigada.

    Beijinho.

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  3. Os pássaros a fazerem-se de desentendidos evitaram a cor da coragem .

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  4. Poesia construção de palavras ritmos e sonhos onde os pássaros ainda voam.
    Obrigado pela visita.

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  5. Muitas vezes ficamos pelo "quase" e é uma desilusão.

    Um poema tão belo!

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  6. "tínhamos quase tudo"

    sem seduzir os pássaros
    temos quase nada


    Beijo

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  7. é esse pedaço que ainda falta, que nos seduz

    e aos pássaros


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  8. Quase não sei descrever as sensações que experimento quando leio poesia assim...mas acredito que quem a escreve não precise de muitas explicações.
    Um abraço.

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  9. falta sempre um pouco de azul - no voo dos pássaros.

    belo poema, meu caro Poeta.

    abraço fraterno

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  10. Infelizmente, existe sempre um quase impedindo a completa realização. Belo poema. Abraços.

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  11. O mais difícil é "subir às pedras deste chão"...
    Tão belo! Um beijo.

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  12. Seduzir os pássaros parece tão fácil quando julgamos ter quase tudo...
    No entanto, alcançá-los no voo que empreendem para além da nossa imaginação é o que dificulta o gesto.
    Um beijo terno no teu coração,
    Helena

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  13. se existia as faúlhas
    para alumiar o fulgor do cnto

    então
    todos os pássaros seriam seduzidos
    no seu cantar

    tão belo!

    :)


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  14. Gostei muito deste sedutor poema, amigo.
    Na verdade, quando se tem o tudo palpável, é melhor não ousar tocar o impalpável, a não ser tentar a sedução de que é capaz o ato de sonhar...
    Meu bjo, Filipe :)

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