(reconstruído)
Após longos tempos na claustrofobia da cidade, por entre arestas, frinchas, esquinas e becos, decidiu arrumar tudo e partir.
Comprou um cão na berma da estrada e um punhado de terra. Construiu uma casa com vistas largas, um canil e um galinheiro. Desenhou no chão um espaço para a horta e começou a desbravar silêncios no silvestre rumor das árvores. Aprendeu a assobiar com o vento.
Levantava-se cedo para ver o nascer do sol. Dormia à tarde e levantava-se ao desnascer do dia. Trabalhava à noite ao som do jaze.
De quando em vez visitava o café do senhor Abílio para saber como plantar uma couve, que bolbos floriam em cada estação e acerca do míldio a propósito de umas videiras que medravam dispersas no terreno. Conhecia o nome dos pássaros pelo seu canto.
Nunca mais quis saber da cidade.
Um dia, após longos tempos, inconformado com o sequestro no paraíso, o Dique, que era de barro, disse-lhe:
- Pinta-me de azul, estou com saudades do mar.
- Também tu cão?
Até os cães sentem saudades.
ResponderEliminarUm bom 2015 para si, caro Eufrázio.
LINDO!
ResponderEliminarBeijinhos, MA. :)
Cão de poeta gosta do mar.
ResponderEliminarMuito bom!
ResponderEliminarO retorno é parte da viagem.
Um beijo
Fica sempre algo, não é...?
ResponderEliminarUm Feliz 2015! :)
Sim! No azul da paisagem, os cães nunca poderiam ser de barro...
ResponderEliminarFeliz 2015, e que o tempo avance sem retorno...
Abraço Poeta!
Lindo! O apelo do mar a falar mais alto!
ResponderEliminarBeijinhos.
Ailime
A vida é um eterno descontentamento.
ResponderEliminarDesejo-lhe um FELIZ ANO NOVO.
Extensivo à sua família e amigos.
Beijinho
Fê.
Mesmo no paraíso sentimos saudades.
ResponderEliminarBelo!
Beijo.
É difícil resistir ao apelo do mar!
ResponderEliminarAbraço
Até no Paraíso ninguém consegue viver sequestrado, sobretudo, se estiver longe do mar!
ResponderEliminarSe fosse eu, em vez de pintar o Dique de azul, mudava-me para uma cabana à beira d'um Mar Arável, onde tudo se pudesse plantar!
Abraço e Bom Ano.
As palavras estão lá todas certinhas,
ResponderEliminarA ideia, linda.
Por isso aqui fica um sentido beijinho.
Bom Ano Novo, ~~~~~~
A saudade faz parte do viver. Não há como fugir dela... Abraços, feliz 2015.
ResponderEliminarBoa tarde, Compreendo o cão, nasci e sempre vivi junto do mar, já tentei viver longe das melodias das ondas, mas não consigo, tudo é belo e relativo, adoro o mar.
ResponderEliminarAG
Espectacular....
ResponderEliminarCumprimentos
Bem acompanhados, o Dique e o seu dono!
ResponderEliminar(texto encantador e denso)
Um sorriso. :))
ResponderEliminarFeliz Ano Novo.
eheheheheh.
ResponderEliminaro Dique é um sábio!
talvez agora te convenças a tirar a carta de condução...
forte abraço, meu irmão Poeta.
Neste desbravar silêncios no
ResponderEliminarsilvestre, a melodia do mar
borbulhava a saudade azul...
Belíssimo,caro poeta!
E tudo pelo melhor
Se um dia as uvas forem vinho o paraíso completa-se com chilreios de pássaro nas docas do Tejo. O cão há de ficar verde de sede.
ResponderEliminar
ResponderEliminar:)
Pois, ganham vida quando o mar lhes falta. Até o Dique!
Abraço
Olinda
também nós, cão
ResponderEliminarViver longe do mar? Envelhecemos mais cedo...
ResponderEliminarUm beijo, amigo.
Quem ama o mar sempre tem saudades!
ResponderEliminarBjs
1 - Como um desenho no papel, foi a impressão que me ficou desta narrativa. E como tal, sempre se pode apagar um "caminho" e desenhar outro.
ResponderEliminar2 - É da natureza humana, a (quase) permanente insatisfação.
3 - Gosto de finais que surpreendam.
Também eu tenho saudades do mar...
:) :)
se mete mar e azul eu gosto!
ResponderEliminarsempre!
beijo
:)
Gostei imenso deste bocado de inspiração. Tudo tão próximo nestas palavras. Ai o Mar, o Mar...
ResponderEliminarNunca estamos satisfeitos nos lugares!!
É isso! Há uma melodia que nos aprisiona e não identificamos de onde vem. Daí uma busca permanente ...
ResponderEliminarBeijo.