domingo, 11 de março de 2012

ÁGUAS DOCES



                                                           Seixal - foto de Augusto Cabrita



Entram devagar na Ponta dos Corvos
por janelas escancaradas
respiram fundo nos mouchões
nidificam com as aves

por instantes quedam-se
para os barcos escutarem timbres
no brilho forjado das varandas
com sardinheiras
que se despem ao espelho

No remanso
quando a gaivota mais antiga
expressa sinais silvestres
retiram-se lentas
afagam margens
mostram o chão
que já foi de areias
e apanhadores de seixos

Na bruma das pedras
plangentes moinhos de marés
registam os ciclos vertebrados
das águas doces


43 comentários:

  1. Caro Eufrázio.
    Gamei-lhe o post e pu-lo em destaque no meu Blogue.
    Desculpe qualquer coisinha.
    Abraço
    Rodrigo

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  2. Água, mar, os olhos, o coração certo no espaço arável, nasce o poema! Eu aqui estou sem saber comentar a poesia. Mar Arável, aqui não há mar e a água começa a escassear, será que se pode arar o vento?! Moinhos de vento é só o que sinto!
    Um abraço num domingo em que me achei mais pachorrento

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  3. Eu quase senti uma brisa meio úmida, o cheiro do mar. Quase ouvi a mãe chamar o menino que brincava perto dos barcos. Quase... Só porque não estava lá.

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  4. Gostei... Como é possível não gostar?

    :)

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  5. Uma certa maneira de ver e viver o Tejo, próprio de quem lhe sente o pulsar...
    Há poemas que são fotografias para a posteridade.

    Abraço

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  6. Perdi-me na fotografia e de olhar toldado e salgado não tenho palavras para ti.

    Beijo.

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  7. Belas estas águas doces. Poeta.

    abraço,

    Véu de Maya

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  8. Águas doces
    Estendo a mão em jeito de dar.

    Parabéns

    Beijo

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  9. Que poema gracioso,
    perto das mãos,
    próximo da umidade das águas.
    A mãe das águas doces.

    a foto é belíssima.

    bjs nossos

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  10. muito bonito, prazer em "revê-lo":)

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  11. Águas que além de doces se expressam numa poética muito bela.

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  12. LINDO QUADRO POÉTICO
    DA NOSSA BAÍA
    E SEUS ADORNOS
    REAIS
    ANCESTRAIS
    MAS SEMPRE ACTUAIS
    PRESENTES...
    DA "PONTA DOS CORVOS"
    ATÉ À TORRE
    PASSANDO PELO SAPAL
    PELAS GARÇAS
    E PELAS VIDRAÇAS
    PROJECTADAS
    NUM CREPÚSCULO QUALQUER...
    MEMÓRIAS
    DUM POETA
    QUE CONTINUAMOS A AMAR!

    princesa

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  13. Um retrato "falado" e belíssimo da terra dos seixos, bem acompanhado por outro retrato fantástico que é a foto de A.Cabrita

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  14. A descrição de uma paisagem doce e linda!
    Uma bela legenda para a foto do Cabrita.

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  15. Envolvente a beleza das palavras conjugadas com a da foto.

    Beijinho e uma flor

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  16. Escrever assim na confluência das águas.
    Muito bom!

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  17. ...quando a gaivota mais antiga
    expressa sinais silvestres é bom parar para ouvi-la...

    Beijinho.

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  18. Haverá outros barcos no cais, mas também há "bruma e moinhos de marés" que ora os escondem ora os engolem.

    beijinho

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  19. Mar Arável,
    Quando os pássaros nidificam no porto seguro e belo a natureza equilibra-se.
    Muito bonito o seu poema como é hábito.
    Beijo. :)

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  20. belíssima aguarela. com gaivotas esvoaçantes por dentro...

    ... e os plangentes moinhos de marés.

    abraço, meu caro Poeta.

    (bem saboroso. o almoço.)

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  21. Excelentes imagens poéticas de um rio perto da sua foz.
    Gostei imenso do teu poema.
    Caro amigo, tem uma boa semana.
    Abraço.

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  22. São sempre as águas e os pássaros que nos preenchem de vasta mansidão os silêncios e os olhos

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  23. Tanto rio aquietado à doçura dos olhos, até chegar aqui...

    Um abraço, Eufrázio.

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  24. Águas pulsantes, que entram pelas janelas, pela terra dentro e invadem o imaginário de quem, lendo-as aqui, as pressente também.

    Um abraço.

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  25. quer na Primavera quer no Verão
    as margens roçam-se em nós
    Vão de nós nas areias
    Sombras de nós quietos
    Indicadores de nós na terra
    olhando o cometa
    cheio de águas doces
    contraluz da vela acesa
    dentro de nós…e só nós...

    diz-me
    que vento parado
    move os ciclos em nós?


    grata poeta por este momento d'inspiração

    deixo-te beijos

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  26. Belíssimo poema
    acompanhado de uma foto magnífica de Augusto Cabrita...
    Obrigado pela partilha.

    há que tempos
    que não visito os blogues
    dos amigos
    as notícias não são agradáveis:
    ando pior dos meus olhos e fui ao médico, estou proibida...
    logo eu que estou tão dependente do computador...
    É uma tristeza!!!...
    Enfim.

    Tenho menos tempo no computador, por 2 motivos:
    os 2 por ordem médica,
    um é o problema que tenho nos olhos e devo evitar muitas horas de exposição ao computador;

    o outro também é por ordem médica, o sedentarismo que me causa obesidade...

    Daí que agora aos fins de semana, que eu passava inumeras horas na net, só posso cá vir 2 horinhas ao sábado e outras 2 ao domingo, no máximo do que é permitido.

    Então este sábado que passou já me ocupei de outras actividades fora de casa - fui a SINES e surpreendi-me com o que vi e visitei.

    Estive presente na inauguração de uma EXPOSIÇÃO COLECTIVA - no sábado passado - dia 10 MARÇO - onde o meu grande AMIGO JOSÉ ALEX GANDUM está presente com dezenas de fotos de sua autoria que passam num monitor - tive o prazer de o fotografar junto aos seus trabalhos

    Beijos. Boa semana.

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  27. gosto dos moinhos de marés

    é por causa deles que as águas são doces

    e os poemas


    um abraço

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  28. Olá!
    Como é lindo o voar das gaivotas.O mergulho final para sua existência.
    Grande abraço
    se cuida

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  29. Como não preciso repetir que gosto da tua poesia, fico-me olhando embevecida a foto de Cabrita...

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  30. Vou e fico, com um suspiro no silêncio das palavras...


    Beijos

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  31. Gostei. Fico a imaginar-me nesses moinhos de maré que tinham tanto de belos como de úteis.
    Um abraço

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  32. de águas doces a caminho das salgadas.

    um poema muito belo.

    a foto do seixal tb ficou muito bem.

    um beij

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  33. *
    como são agridoces,
    as tuas palavras !
    ,
    saudações de iodo,
    ficam,
    *

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  34. Poema e imagem que me fizeram navegar, por outras aguas, por outros sentires...
    Beijito.

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  35. "E na aresta da pedra, brilha a gota de orvalho"
    Excelente poema, meu caro amigo Poeta.
    Abraço.

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  36. Poeta

    Nessas águas navega o poeta...e eu nas palavras.

    Um beijo
    Sonhadora

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  37. Me deixo embalar no remanso dessas águas doces, com os olhos nos céus, voando nas asas de uma gaivota...

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