sábado, 20 de agosto de 2011

DULCÍSSIMA


                                                                            óleo de Jean Jaques Henner

 

Por falta de um sopro
no marasmo do cais
adormeciam barcos

banhavam-se em salivas
à vista dos mastros
quando amanhecida
silaba a silaba
junto ao pomar dos medronheiros
numa cadência de asas e passos
adocicavas na margem
imaculadas claridades

Com o tempo verifiquei
que eras tu vertebrada metáfora
a folhear um compêndio de azuis
sem destino

eras tu dulcíssima
tão líquida por entre os dedos
que adormecias os barcos



36 comentários:

  1. "Por falta de um sopro
    no marasmo do cais
    adormeciam barcos"

    Sublime...

    Beijo

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  2. Comentar um poema tão belo é díficil.
    Apenas um sublime... (já usado Pelo comentador que me antecedeu).
    abraço

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  3. Este sinto este poema
    como uma prenda que posso ofertar. (Como podia o poeta imaginar tal destino?...)

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  4. Eras tu

    E sempre foste tu!

    E eu te procurei noutros caminhos

    E em outros tempos,

    mas eras tu,
    sempre foste tu...

    Maria Luísa

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  5. Querido Mar,



    A ilustração é linda e da leitura do poema extraio toda esta doçura e uma tranquilidade azulada de sonho. Obrigada.

    Beijos com carinho e ótimo fim de semana.

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  6. Os poemas admiram-se,comentar como se o poeta sente em uníssono.

    Um abraço,
    mário

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  7. Dulcíssima... Uma delícia. :)

    beijos

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  8. E escorreu entre teus dedos
    tantas metáforas
    para tão belo poema!

    Beijo!

    Marlene

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  9. Que doce ese Mar que embala os barcos.

    Abraço

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  10. Dulcissimo é quem assim sabe escrever-se, oh ser iluminado!

    um beijo, Mar!

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  11. O que é bom é bom e ponto final!!!
    «eras tu dulcíssima
    tão líquida por entre os dedos
    que adormecias os barcos» Sem mais palavras, uma vénia.
    Saudações poéticas, Mar.

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  12. Poeta

    O que dizer? Saio em silêncio apenas levando uma pequena brisa.

    Deixo um beijo
    Rosa

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  13. até o mastro dos barcos explodem. em "vertebradas metáforas" - dulcíssimas...

    excelente.

    abraço, poeta amigo

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  14. Muito lindo.

    Os azuis são sempre o perfume de todas as inspirações.

    Obrigada por tão belo momento.

    Beijos

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  15. Dulcíssimo poema atravessado de um dulcíssimo sentir.

    Um abraço, Eufrázio

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  16. um inspirado encontro com a "metáfora" que adormece os barcos e acorda o poeta!

    um abraço

    Rosário

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  17. Um poema cheio de imagens doces, saborosas e eroticamente entusiasmantes!

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  18. "Cadência de asas" e alma tem a tua poesia...

    Um abraço grande, poeta

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  19. Tão suave, tão lindo!...

    Viaja-se nos azuis das metáforas.

    Um beijo

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  20. Voltei.

    Apeteceu-me ler de novo e depois de ter desaparecido no fim de semana num eclipse total, ressurgi num Brancamar mais azul, o azul de que sempre gostei e que será maré cheia num caminho de outros azuis como este.

    Este será um final de ano de todos os mares, onde todos nos encontramos na essência da vida e da amizade, na serenidade das águas.

    Beijos

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  21. acredito, seja, estimado amigo, a metáfora vertebrada, quem nos ensina e nos conduz na leitura de todos os compêndios do universo, de todos os matizes de azul/verde/água/verbo.

    fraterno e saudoso abraço
    Mel

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  22. Afinal, o aparente 'marasmo' mais não era do que um doce embalo.

    (Irrepreensível, como sempre)

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  23. "eras tu dulcíssima
    tão líquida por entre os dedos
    que adormecias os barcos"
    Belíssimo!
    Um beijo, amigo.

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  24. sempre bela, esta escrita. Esculpida até surgirem luminosas palavras...
    Já agora partilho um post do Águas:
    http://aguasdosul.blogspot.com/2011/08/labregos-de-colarinho-com-gravata.html
    Abraço
    Luís

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  25. Isto é poesia pura, sem excessos gordurosos. Poesia escorreita como a alma de quem escreve...

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  26. um poema doce e pleno de sentires.

    e com o azul onde as mãos de uma sereia adormecem os barcos.

    muito belo!

    um beij

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  27. Que o cais seja sempre, o encontro dulcíssimo de todos os azuis depurados, até que a sede dos barcos se sacie e estes mantenham o desejo de navegar.

    Belo, sempre!!

    Um abraço

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  28. Inpiração para escrever admiravelmente é uma dádiva dos Deuses.

    Parabéns.

    Beijo.

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  29. Poética inesgotável a sua!
    Dilui-se, dulcíssima por entre/em/nas águas da emoção!

    Banalizo-me com as palavras que já gastas, socorrem-me; belo! Belíssima poesia, Eufrázio!

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  30. “...vago nesse mar
    onde o mar não é náufrago
    mas raso e de vidro..."


    www.escarceunario.blogspot.com

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  31. Uma visão dulcíssima. De adormecer os barcos. Sereia? Cuidado! :)

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