terça-feira, 16 de junho de 2009

ROTA NAVEGÁVEL



Não sabíamos que os rios
podiam cair dos céus
sem deixarem de ser água
mas quando te vi
tão livre líquida quase humana
a moldar arestas
vesti a pele das aves
para descobrir o sentido do voo
a voz abrupta dos violinos

Adentro prisioneiros com destino
num instante de chuva
a desaguar por sobre as pedras
eternos e frágeis
compreendemos o sopro do vento
contra o vento

começámos a construir
a pulso
gota a gota
uma rota navegável

25 comentários:

  1. Certa vez entrei numa dessas cavernas moldadas pelas águas. Profunda, impressionante. Parecia um templo com estruturas descomunais, quase aterrorizantes.

    Fiquei pensando se não fazemos isso com os sentimentos que acolhemos, nos adentra e cria caminhos inimagináveis... e nos torna únicos.

    bjs

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  2. gostava de saber ler as cartas de marear

    ( porque )

    navegar neste "mar"

    é preciso



    .
    um beijo

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  3. Muito belo.
    Um dia os rios poderão nascer no mar e desaguar nas fontes...

    Beijos

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  4. Belíssimo esse instante de chuva, essa rota navegável...

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  5. "construir...gota a gota uma rota navegável" é uma imagem lindíssima. Poesia, enfim...

    Um beijo

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  6. Belos, como sempre, os seus poemas!
    Não é poeta quem quer...
    :)))

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  7. De facto
    tudo o que se consegue
    nesta vida é a "pulso" e
    com muita persistência.
    Quem acredita e quer
    consegeue concretizar
    um sonho qualquer.
    Lá dizia o povo:
    "Crer é poder"
    "Mais vele quem quer
    do que quem pode"

    É urgente
    que cada um
    consiga tornar
    a sua "rota navegável"!

    princesa

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  8. compreendemos
    as rotas do vento em colisão
    e nas asas de um céu líquido
    frágeis
    repousamos sobre as ondas.

    -------

    bebo deste rio
    calmo

    _____

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  9. essa construção feita gota a gota torna-se mais forte

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  10. forte a construção poética e leve o poema em si...rota navegável...

    abraço,

    Véu de Maya

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  11. muito vagamente se percebem os sentimentos traduzidos em palavras...

    gosto como já é costume

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  12. Contra ventos e marés... havemos de ter um "sol" para todos igual.

    Alvarez

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  13. Com as mãos e passo a passo se constroi esse caminho...a rota navegável!


    Beijo

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  14. O caminho, estimado Eufrázio, faz-se "caminhando", como melhor que eu, de tudo o que de si vou lendo, intuo.

    A sua poesia tem "garras de condor", venham as águas dos céus ou de "mares nunca d'antes navegáveis".

    Abraço fraterno
    Mel

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  15. Rota navegável e moldável
    ao vento que nos sopra dos dedos,
    na pedra liquida do querer.


    Abraço

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  16. Compreendido o sopro do vento... toda a viagem é possível.

    Abraço.

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  17. Rios a desaguar sobre as pedras e construindo, ainda assim, uma rota navegável. Excelente!
    Um abraço.

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  18. assim se constroem rotas - gota a gota...

    belíssimo, Poeta.

    abraço

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  19. Uma rota que acompanho com muito prazer... nesta cascata, feita poesia.

    Beijo.

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  20. Particularmente belo este poema, entre os muitos que aqui tenho encontrado...
    Bonito de ler e pensar.

    Um abraço

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  21. Como sabe, não sou muito de comentários embora siga atentamente as marés deste seu Mar Arável. Mas, de vez em quando, preciso de registar aqui aqueles momentos em que as palavras se tornam tão especiais que se nos cravam na alma como os ferros marcam os animais, tornando-nos propriedade desse mundo extradordinário que é a poesia.
    Tal foi o caso desta Rota Navegável. Para mim, um dos mais belos poemas seus que já tive o privilégio de ler.
    Só me resta agradecer.

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